sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Instabilidade e desmotivação nas escolas

Com a publicação em Diário da República do novo Estatuto da Carreira Docente (ECD) seria de esperar que o ambiente nas escolas públicas portuguesas melhorasse ou, pelo menos, deixasse de estar tão avesso a questões laborais e se aplicasse mais aos problemas educativos.
Pois bem, durante esta semana apercebi-me que as dúvidas sobre o ECD continuam a dominar as conversas da maioria dos professores, com o desânimo e a desmotivação a serem os pontos fortes do dia-a-dia nas escolas portuguesas. A grande maioria dos professores encontra-se desapontada com o que o novo ECD lhes reserva e, infelizmente, parece-me que este estado de espírito tem consequências ao nível do processo de ensino-aprendizagem que deveria estar imune a estas questões. Falo de muitos dos professores com mais anos de serviço, aqueles que desesperam por passar à aposentação e que, simplesmente, parecem estar-se nas tintas para os alunos. Claro que há excepções, mas nas conversas tidas aqui e ali, na escola e fora dela, tenho assistido a conversas de colegas meus que demonstram o quão falta de profissionalismo grassa (ainda) na nossa profissão. Então no primeiro ciclo sei de casos de bradar aos céus!!! Simplesmente inacreditáveis!!! Curiosamente, muitos daqueles que são os mais afectados pelas novas regras do ECD, os professores mais novos e em início de carreira, até que parecem como que conformados com o que lhes está destinado no novo ECD. Penalizados na progressão na carreira, nos vencimentos e noutras questões, há também os que se dizem fartos da profissão docente e afirmam querer mudar de emprego.
Enfim, nada de bom auguro nos próximos tempos para o Sistema de Educação em Portugal. E, mais do que os professores, os mais afectados serão os alunos, ou seja, os futuros homens e mulheres do nosso país.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

A Educação não passa só pela Escola...

Cada vez que se discute um problema de carácter social, a Escola é, repetidamente, chamada a intervir no sentido de incutir na população mais jovem os valores e princípios mais adequados mediante os quais uma sociedade se deve reger. Seja ao nível do combate ao tabagismo, ao alcoolismo, à toxicodependência ou a outro flagelo da sociedade, seja na promoção de gestos e comportamentos válidos, é a Escola e, consequentemente, aos professores que se vem exigir a assumpção do papel de bons educadores.
O problema é que, por muitos discursos que os nossos governantes possam fazer no sentido de valorizar o papel do professor como nivelador e orientador da sociedade (convém lembrar que discursar não chega!!!), a verdade é que quando surgem episódios como o ocorrido com o jogador benfiquista Luisão, todo um trabalho de promoção de valores de cidadania deixa de ter a consistência devida.
Na sexta-feira passada, na minha última aula do dia, já os alunos falavam do que tinha acontecido com Luisão. Riam-se e achavam piada à situação, como que valorizando a atitude do jogador. Não os ouvi condenar a atitude dos magistrados e, nem chamados à atenção, foram capazes de criticar o jogador.
Uma coisa é certa: por mais leis que se "fabriquem" no Parlamento para elevar o nível de educação dos nossos jovens, são estes maus exemplos que levam tudo a perder...

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Juventude inquieta? E que mais?

São 22.45H. de segunda-feira e estou sentado no sofá da sala a ver o Programa da RTP "Prós e Contras". Aborda-se o tema da juventude e as transformações que nos últimos anos têm afectado esta faixa da população, ao nível, por exemplo, da crescente dependência dos jovens face aos pais, da sua falta de autonomia e excessiva irreverência, da dificuldade em encontrar emprego, entre outras questões.
Para onde caminhamos, afinal? Se os jovens de hoje são inquietos, o que dizer dos adolescentes? No mínimo irrequietos... A ainda curta experiência de professor que tenho (de apenas nove anos) é suficiente para chegar à conclusão que uma Escola digna, rigorosa, firme e respeitada por todos constitui um factor fundamental para termos uma juventude que vá para além da banal irreverência. Por outro lado, há que não esquecer que a actual geração de pais que têm entre 35 e 45 anos apresenta, grosso modo, sérios problemas de falta de autoridade sobre os filhos. Lembremo-nos que estes pais foram os primeiros jovens a seguir ao 25 de Abril de 1974 e não sabem o que era viver em ditadura...
Enfim, muito há por fazer para que, daqui a uns anos não venhamos a ter vergonha da juventude que andamos a "produzir". Pais ausentes e uma Escola facilitista do estilo "depósito de miúdos" são duas realidades que devem ser, urgentemente, alteradas. Doutra forma iremos passar pelo que os ingleses estão agora a viver. Veja-se a reportagem emitida pela SIC-Notícias "Caos nas salas de aula" para se perceber do que falo...