quarta-feira, 28 de novembro de 2007

De mãe para professora

Chegou-me via email uma cópia da correspondência tida entre uma Professora de Ciências Naturais e uma Encarregada de Educação. A docente informava a mãe da aluna que esta não havia realizado os TPC`s pela terceira vez consecutiva. A Encarregada de Educação responde-lhe, de seguida, afirmando que a legislação não obriga os alunos a realizarem trabalhos em casa, além de que os pais têm mais que fazer do que saber se os educandos levam TPC`s para fazer ou não. Outra particularidade: a professora é tratada por "Senhora de Ciências"...
1. Com disciplinas com cargas horárias tão reduzidas (um bloco de aulas por semana), como são os casos de Geografia ou História no 7º ano, o envio de TPC`s poderá constituir um importante suporte de estudo e revisão da matéria leccionada a aproveitar pelos alunos;
2. Há pais que demonstram um desprezo pela vida escolar dos filhos e pela função docente que não me escandalizaria nada que fosse criada legislação que punisse estes pais (por exemplo, perdendo o direito a parte do abono de família);
3. Raramente envio TPC`s aos meus alunos, até porque a sua eficácia é reduzida (nunca ficamos a saber se foi o aluno que os fez ou se copiou), mas não há dúvidas que, mesmo sem TPC´s, ficamos sempre a saber quais os alunos interessados pela matéria dada nas aulas: basta no início de cada aula fazer umas questões sobre a matéria leccionada...

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Obrigados a deixar passar??? Era o que faltava...

A edição de hoje do Correio da Manhã traz como título "Pressão para não chumbar", dando a conhecer que nalgumas escolas deste país, os professores dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico estão a ser pressionados pelos conselhos executivos, no sentido de evitarem ao máximo as negativas (notas inferiores a três), já no primeiro período lectivo. A ser verdade, é urgente que a Inspecção Geral da Educação e, porventura, a Procuradoria Geral da República tome conta deste assunto...
Em dez anos de serviço docente nunca fui pressionado por qualquer conselho executivo para atribuir uma determinada nota. Muito pelo contrário! Quanto tive encarregados de educação a duvidarem da avaliação atribuída por mim aos seus educandos, com a instauração de pedidos de revisão de nota, nunca deixei de ter a confiança dos órgãos executivo e pedagógico da escola.
Compreendo que possam existir mecanismos que alertem os professores para diversificarem as suas estratégias de ensino, a fim de que as aprendizagens dos seus alunos possam ser melhoradas. Para tal temos as aulas de recuperação, as tutorias, os clubes, etc. Agora, pressão para que as positivas aumentem com o intuito de "agradar" aos inspectores é que nem pensar!!!
A propósito, visto que qualquer professor tem uma enorme satisfação quando os seus alunos fazem por merecer boas avaliações, decidi-me por criar um novo blogue destinado aos meus alunos. Pode ser que alguns deles o aproveitem da melhor forma e melhorem as suas notas. Com esforço e não por via do facilitismo ou da pressão sobre os professores...

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A lógica dos CEF`s e as verdades que a opinião pública desconhece...

A carta aberta que o professor de Ciências Físico-Químicas Domingos Cardoso endereçou a Cavaco Silva a propósito da "tortura" por que passa cada vez que tem aulas com uma turma do CEF (Curso de Educação e Formação) pode não representar a totalidade do universo dos alunos que se encontram matriculados neste tipo de cursos (que, convenhamos, de educativos têm muito pouco!), mas não deverá estar muito longe da realidade de muitas escolas deste país. É que há ainda quem não saiba (porventura até o próprio Presidente da República) que muitos destes cursos apenas existem para evitar que muitos alunos multipliquem o seu rol de retenções e/ou abandonem a escola. Esta foi, em grande medida, a forma arranjada para tornear a desgraça das estatísticas da Educação no 3º ciclo...
Nunca leccionei a turmas do CEF, mas ouvindo os meus colegas lá da escola que têm turmas do CEF, parece que com a maioria destes alunos não se consegue trabalhar, apenas ocupar tempo. Como diz um colega meu, "é o mesmo que tentar fazer omoletes sem ovos!!!"
Muito haveria para dizer sobre os cursos CEF. Mas, bastará uma leitura atenta da carta aberta de Domingos Cardoso para saber um pouco sobre a forma como (não) funcionam muitas das turmas CEF deste país!!! Boa leitura (caso isso seja possível)...

sábado, 3 de novembro de 2007

Os rankings das escolas têm de ter consequências

Mais uma vez e pelo sétimo ano consecutivo, o Ministério da Educação deu a conhecer os resultados obtidos pelos alunos nos exames do ensino secundário. E, mais uma vez, apenas um jornal se deu ao trabalho de avaliar de forma séria e rigorosa as diferentes realidades escolares que povoam um pouco por todo o país.
Com um dossier especial de 64 páginas, de acesso livre na Internet, o jornal Público dá conta dos resultados obtidos por cada escola nas principais disciplinas. E, se mais uma vez, fica patente que não faz sentido algum comparar as médias alcançadas pelas "melhores" escolas privadas deste país, que escolhem e fazem a seriação dos seus alunos, com a maioria das nossas escolas públicas, abertas a todo o universo educativo das suas áreas geográficas, convém não deixar de fazer uma avaliação séria e ponderada dos resultados obtidos pelos estabelecimentos de ensino público a nivel distrital e a nível disciplinar.
Dou apenas um exemplo. A Escola Sec./3 de Latino Coelho, em Lamego, onde no passado ano lectivo "levei" 20 alunos ao exame nacional de Geografia (num total de 30 alunos) obteve nesta disciplina uma média de 12,2 valores, ocupando o 98º lugar a nível nacional (num total de 519 escolas) e o 5º lugar à escala distrital (entre 27 escolas). Bons resultados, portanto, se tivermos em conta que, no conjunto das oito disciplinas, a escola se ficou pelo 318º lugar a nível nacional.
Claro está que há duas variantes que influenciam de forma decisiva as notas obtidas nos exames: por um lado, a qualidade da matéria-prima, ou seja, as capacidades demonstradas pelos alunos, e por outro, o desempenho docente e a capacidade dos professores para motivarem os seus discentes. Deste modo, penso que as escolas têm um papel importante a desempenhar no sentido de distribuírem da melhor forma o seu corpo docente pelos diferentes níveis de ensino. Ou seja, talvez não seja assim tão indiferente as decisões que os Conselhos Executivos tomam na hora de escolherem os professores que nas suas escolas irão leccionar âs turmas do ensino secundário. É bom que também as escolas reflictam seriamente sobre os resultados dos exames!!!